segunda-feira, 16 de junho de 2014

Sou Patrimônio Imaterial da Humanidade


Meio século de vida soa mais pesado do que 50 anos de idade. No entanto, parece mais pomposo e, por isso mesmo, resolvi me condecorar com o título de “Patrimônio Imaterial da Humanidade”. Afinal, já é tempo suficiente para fazer a famosa lista dos “10 mais”. São crenças ressignificadas, valores reafirmados, aprendizagens que mudaram meu olhar, minhas atitudes. Não estão em ordem de importância. Então vamos lá:

  •  Alarguei meus horizontes! Aprendi que a melhor forma de viver é aprendendo, desaprendendo e reaprendendo. Parece óbvio, mas minha criação foi muito rígida e pôr em prática este aprendizado requereu uma desestruturação construtiva. Aprendi a dizer “não sei” sem medo e descobri muitas coisas legais.

  • "O silêncio é uma preciosa habilidade!” Fui uma criança e adolescente falante; hoje sou uma mulher comunicativa. É tênue a linha que separa esses dois adjetivos. Como falante tinha a necessidade de falar, de me ouvir, tagarelar sobre minhas percepções, inseguranças, ansiedades. Sendo comunicativa, sou uma pessoa que gosta de conversar, ouvir o outro, trocar experiências. Uma verdadeira caminhada de dentro para fora, do umbigo para o mundo, de mim para o outro. Consegui! Sou orgulhosa dessa conquista!

  •  Ser mãe! Senti, no mais profundo da minha alma, o significado do amor incondicional de meus pais. Giulia e Pedro me permitem diariamente exercitar esta relação tão dialética, tão intensa em emoções e sentimentos, onde eu revejo a minha própria relação com minha mãe. Entendi que cada uma de nós fez e faz o melhor que pode!

  •  Ética, honestidade e dignidade são valores morais inegociáveis! Comecei a trabalhar aos 14 anos e sempre mantive este mantra em mente - valores passados no convívio familiar. Construí uma vida profissional baseada no comprometimento, retidão e cooperação. Fiz grandes amigos nesta caminhada, pessoas que admiro e com as quais compartilhei este meu mantra cotidianamente em cada empresa. É muito bom colocar a cabeça no travesseiro e dormir o sono dos justos!


  •  “Aprendi que posso deixar para amanhã o que poderia fazer hoje.” Levei muitos anos repetindo o ditado original e, por ser organizada e muito disciplinada, sempre dava conta de tudo sem me aperceber que mal respirava. ”Importante / Urgente / Não tão importante / Não tão urgente” me permitem deixar coisas a fazer sem a sensação de ser irresponsável. Meu corpo agradece, pois a rigidez me deixou de herança uma bela fibromialgia por não o ter escutado as vezes que ele pedia socorro. Peço desculpas e este templo que acolhe minha alma!

  •  “Ter amigos!” Sou geminiana; gosto de gente; sou descendente de italianos e portugueses que falam com o corpo, com o olhar. Estar com pessoas queridas, com as quais me identifico, me vejo, que refletem meus valores e crenças, com opiniões diversas que fazem mudar meu ponto de vista, que inclusive mudam minha vista, é uma celebração da vida. Sinto-me aconchegada, sinto-me verdadeiramente um ser e também humana. Agradeço a cada um de vocês que enriquecem meu viver!

  •  “Caminhando me construí!” Quebrei amarras e me lancei, em muitos momentos da vida, sem muito pensar nem ponderar. Nada arriscoso, diria Xangai, mas também sem muito planejamento. As coisas iam aparecendo e minha intuição simplesmente me fazia seguir. Arriscar é viver! É sair da zona de conforto para ver o que está atrás da porta. Hoje posso olhar para trás e ver quanta coisa bacana aprendi e quantas outras aprendi para não repetir. Agradeço a esta Beth transgressora!

  •  “Pensar / Sentir / Agir” Metade da vida sem perceber que, mesmo múltipla em tantos papéis, sou uma só; um ser integral que pensa, que sente, que age, a partir de um mesmo corpo. Este modus operandi era fragmentado, descontínuo, reforçado por crenças limitantes, modelos familiares que não permitiam a unidade. Pensar, sentir a emoção deste pensamento e agir de acordo com as verdades que o fundamentam, me trouxeram a paz interior, a saúde mental que me organiza e me sustenta. Agradeço aos meus mestres da Dança, Psicologia Social e Programação Neurolinguística que me mostraram o caminho da integração do meu ser!

  •  “Somos feito de silêncio e luz”. Aprendi que companheirismo é porto seguro, é simplesmente falar com o olhar, sentir o toque com o sorriso, querer estar juntinho e ter sonhos em comum para regar o bem querer. Marcílio, amo estar a dois!

  •  “A missão pessoal  é a plenitude da vida.” Tenho refletido sobre a minha caminhada: os conhecimentos que adquiri; as experiências que me amadureceram; as pessoas com as quais cruzei e para as quais fiz alguma diferença; e penso que venho construindo a minha missão. A competência na comunicação e nas relações interpessoais é a minha marca pessoal e quanto mais a pratico, mais ela se enriquece e se fortalece. É levando o que acredito para as pessoas, nos mais diversos espaços, que me sinto completa, integral, feliz!

Depois das “10 mais”, de dar por terminado um ciclo e pronta para iniciar outro, espero surpreender-me a cada dia com uma Beth mais amorosa, mais ampla, mais diversa e mais apta a enfrentar os desafios que surgirem. Novos papéis estão por vir, novas realidades para protagonizar, novos aprendizados para enriquecer pensamentos e atitudes, enfim, novas emoções para vivenciar.

Para os próximos 50, levarei também o meu conceito de espiritualidade: estarei com um sorriso no rosto e de braços abertos para aconchegar o outro e dar boas vindas à vida, agradecendo ao Universo por poder degustá-la a cada amanhecer!