Meio século de vida soa mais
pesado do que 50 anos de idade. No entanto, parece mais pomposo e, por isso
mesmo, resolvi me condecorar com o título de “Patrimônio Imaterial da Humanidade”. Afinal, já é tempo suficiente
para fazer a famosa lista dos “10 mais”. São crenças ressignificadas, valores
reafirmados, aprendizagens que mudaram meu olhar, minhas atitudes. Não estão em ordem de importância. Então vamos
lá:
- Alarguei meus horizontes! Aprendi que a melhor forma de viver é aprendendo, desaprendendo e reaprendendo. Parece óbvio, mas minha criação foi muito rígida e pôr em prática este aprendizado requereu uma desestruturação construtiva. Aprendi a dizer “não sei” sem medo e descobri muitas coisas legais.
- "O silêncio é uma preciosa habilidade!” Fui
uma criança e adolescente falante; hoje sou uma mulher comunicativa. É
tênue a linha que separa esses dois adjetivos. Como falante tinha a
necessidade de falar, de me ouvir, tagarelar sobre minhas percepções,
inseguranças, ansiedades. Sendo comunicativa, sou uma pessoa que gosta de
conversar, ouvir o outro, trocar experiências. Uma verdadeira caminhada de
dentro para fora, do umbigo para o mundo, de mim para o outro. Consegui! Sou orgulhosa dessa conquista!
- Ser mãe! Senti, no mais profundo da minha alma, o significado do amor incondicional de meus pais. Giulia e Pedro me permitem diariamente exercitar esta relação tão dialética, tão intensa em emoções e sentimentos, onde eu revejo a minha própria relação com minha mãe. Entendi que cada uma de nós fez e faz o melhor que pode!
- Ética,
honestidade e dignidade são valores morais inegociáveis! Comecei a
trabalhar aos 14 anos e sempre mantive este mantra em mente - valores
passados no convívio familiar. Construí uma vida profissional baseada no
comprometimento, retidão e cooperação. Fiz grandes amigos nesta caminhada,
pessoas que admiro e com as quais compartilhei este meu mantra
cotidianamente em cada empresa. É
muito bom colocar a cabeça no travesseiro e dormir o sono dos justos!
- “Aprendi que posso deixar para amanhã o
que poderia fazer hoje.” Levei muitos anos repetindo o ditado
original e, por ser organizada e muito disciplinada, sempre dava conta de
tudo sem me aperceber que mal respirava. ”Importante / Urgente / Não tão
importante / Não tão urgente” me permitem deixar coisas a fazer sem a
sensação de ser irresponsável. Meu corpo agradece, pois a rigidez me
deixou de herança uma bela fibromialgia por não o ter escutado as vezes
que ele pedia socorro. Peço
desculpas e este templo que acolhe minha alma!
- “Ter amigos!” Sou geminiana;
gosto de gente; sou descendente de italianos e portugueses que falam com o
corpo, com o olhar. Estar com pessoas queridas, com as quais me
identifico, me vejo, que refletem meus valores e crenças, com opiniões
diversas que fazem mudar meu ponto de vista, que inclusive mudam minha
vista, é uma celebração da vida. Sinto-me aconchegada, sinto-me
verdadeiramente um ser e também humana. Agradeço a cada um de vocês que enriquecem meu viver!
- “Caminhando me construí!” Quebrei
amarras e me lancei, em muitos momentos da vida, sem muito pensar nem
ponderar. Nada arriscoso, diria Xangai, mas também sem
muito planejamento. As coisas iam aparecendo e minha intuição simplesmente
me fazia seguir. Arriscar é viver! É sair da zona de conforto para ver o
que está atrás da porta. Hoje posso olhar para trás e ver quanta coisa
bacana aprendi e quantas outras aprendi para não repetir. Agradeço a esta Beth transgressora!
- “Pensar / Sentir / Agir” Metade
da vida sem perceber que, mesmo múltipla em tantos papéis, sou uma só; um
ser integral que pensa, que sente, que age, a partir de um mesmo corpo. Este
modus operandi era fragmentado,
descontínuo, reforçado por crenças limitantes, modelos familiares que não
permitiam a unidade. Pensar, sentir a emoção deste pensamento e agir de
acordo com as verdades que o fundamentam, me trouxeram a paz interior, a
saúde mental que me organiza e me sustenta. Agradeço aos meus mestres da Dança, Psicologia Social e Programação
Neurolinguística que me mostraram o caminho da integração do meu ser!
- “Somos feito de silêncio e luz”. Aprendi
que companheirismo é porto seguro, é simplesmente falar com o olhar,
sentir o toque com o sorriso, querer estar juntinho e ter sonhos em comum
para regar o bem querer. Marcílio, amo
estar a dois!
- “A missão pessoal é a plenitude da vida.” Tenho
refletido sobre a minha caminhada: os conhecimentos que adquiri; as
experiências que me amadureceram; as pessoas com as quais cruzei e para as
quais fiz alguma diferença; e penso que venho construindo a minha missão.
A competência na comunicação e nas relações interpessoais é a minha marca
pessoal e quanto mais a pratico, mais ela se enriquece e se fortalece. É levando o que acredito para as
pessoas, nos mais diversos espaços, que me sinto completa, integral,
feliz!
Depois das “10 mais”, de dar por
terminado um ciclo e pronta para iniciar outro, espero surpreender-me a cada
dia com uma Beth mais amorosa, mais ampla, mais diversa e mais apta a enfrentar
os desafios que surgirem. Novos papéis estão por vir, novas realidades para
protagonizar, novos aprendizados para enriquecer pensamentos e atitudes, enfim,
novas emoções para vivenciar.
Para os próximos 50, levarei
também o meu conceito de espiritualidade: estarei com um sorriso no rosto e de braços
abertos para aconchegar o outro e dar boas vindas à vida, agradecendo ao
Universo por poder degustá-la a cada amanhecer!