terça-feira, 20 de março de 2012

Semântica com tempo e espaço

Estar na companhia de alguém...

me faz bem ...

me incomoda....

me fortalece...

me entedia...

me anima...

me atrapalha


E tudo depende...

do estado de espírito..

do objetivo...

do momento...

e, principalmente, do outro.

Companhia é o ato de acompanhar, estar presente, e aí está o desafio. Imagine você na fila de banco sozinha e olhando para o relógio a cada dois minutos, como se já tivesse passado uma eternidade. Agora imagine-se na mesma fila com uma amiga e contando para ela sobre o cara que anda deixando seu coração saltitante. Nossa! Já chegou minha vez? Nem parece que se passaram vinte minutos. Estou certa? E ao invés de sua amiga, fosse uma tia resmungona, que sente dor em toda parte do corpo? Puxa vida! Será que o gerente não vai colocar outro caixa funcionando?

É incrível! Nossa percepção de tempo está intimamente ligada ao nosso estado de espírito, nossa motivação, nossa determinação, e, principalmente, a quem está ao nosso lado. Sim, porque muitas vezes não escolhemos exatamente a companhia; podemos estar com colegas de trabalho numa reunião, ou vizinhos naquela assembleia do prédio, ou com parentes distantes na festa de 75 anos da titia tão querida.( Vamos deixar a resmungona de fora da comemoração.) Estas pessoas estão presentes; conversamos com elas, discutimos assuntos importantes para o andamento do projeto da empresa, votamos a construção do parquinho na área comum. Sim, interagimos, trocamos ideias, receitas e, muitas vezes, conseguimos esquecer os nomes ao final do evento.

E companheiro...o que esta palavra nos evoca, para onde nos remete, de quem nos lembramos de imediato?

Companheiro é derivado da expressão cum panis, de origem latin, que significa - PARTICIPANTES DO MESMO PÃO. É uma relação tão estreita, íntima e profunda com a outra pessoa, tão presente e carnal, que nos permitimos partilhar o mesmo pão para o nutrimento de ambos.

Quando definimos alguém como companheiro ou companheira, criamos um status quo tão importante para este ser humano, que lhes permitimos adentrar a nossa alma, nosso mundo interno, (o mundo que vai se criando a partir das nossas experiências); auscultar nossas emoções e sentimentos, sentir nossas fragilidades, sonhar junto nossos sonhos, rir das nossas fantasias, enfim, partilhar o mesmo pão. (e que seja integral em prol da saúde)

A quantas pessoas nos referimos como companheiros? Pessoas que nos animam, nos fortalecem, nos fazem bem, nos aconchegam em suas almas?

Lembra da percepção do tempo? Vivemos como se o dia não mais tivesse 24 horas, como se tivéssemos assumido mais tarefas do que somos capazes de realizar. Passamos meses sem rever os grandes amigos, visitar os familiares queridos. Utilizamos o telefone, celular, correio eletrônico, redes sociais, substituindo a presença, o olhar, o abraço. Novas formas de interação que trazem à reflexão a semântica de muitas palavras – presença, interação, amizade, companhia, companheirismo.

VEJO COMO É IMPORTANTE REVER A SUBJETIVIDADE QUE SUSTENTA AS PALAVRAS!

Palavras que traduzem a forma como representamos a realidade que nos cerca, que nos mobiliza.

Mesmo distante, ainda que em outra língua, pessoas estão menos sós, em COMPANHIA de outras que buscam as redes virtuais para bater um papo, “passar” o tempo, jogar paciência. Muitas companhias transformam-se em companheiros com papel passado e tudo, jurando amor eterno e até que a morte os separe.

Muitas redes são formadas em prol de causas humanitárias por indivíduos que comungam crenças e valores, partilham sonhos, sincotizam recursos, são COMPANHEIROS e estão firmes nos objetivos traçados. Os tempos são outros e a tecnologia nos alerta para a mudança, para as múltiplas possibilidades que surgem de interação, de ação, da fala e da escrita.

MAIS UM MOMENTO DE REVER A SEMÂNTICA DOS NOVOS TEMPOS!

Por isso, deixo aqui a minha reflexão:

Como estão nossos conceitos quando falamos de relações interpessoais de qualidade?

O que exatamente quer dizer esta palavra relação para cada um de nós? E qualidade? Como a definimos?

Estamos apegados a língua aprendida lá atrás, na escola, na vida acadêmica, percebendo a realidade à moda antiga ou estamos atualizando nosso “software linguístico” para entender melhor o novo que se descortina, criando novos cenários internos?